Uma obra lançada há uns meses parte de indícios de uma quinta familiar para investigar a História de Portugal e da Europa
AZULEJO
- É em pormenores da casa onde cresceu que o autor
encontra o motor
do seu trabalho (FOTO ANTÓNIO BOTTO QUINTANS)
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Quer
haja ou não um tesouro escondido na Quinta da Moita Longa (Toxofal
de Cima, Lourinhã), no sentido de um monte de riquezas materiais
como nas histórias de aventuras, aquele local é decerto morada de
outro tipo de tesouro: o legado da presença da Ordem dos Templários
naquela região, há oito séculos. É esse o motor da investigação
de António Botto Quintans, cuja família é proprietária da Quinta.
É a
partir de um fresco na capela da Quinta da Moita Longa que o autor
inicia a pesquisa de “Quinto império – testemunhos de uma
história verídica”. Lançado em julho, o livro promete guiar o
leitor através das “marcas inéditas da presença templária em
toda a zona envolvente, inclusive um campo de sepultura e registos
escritos que sugerem que algo de muito importante foi escondido nesta
zona durante o reinado de D. Dinis”. O Toxofal de Cima foi também
poiso dos monges de Cister, cujo couto incluía parte da Quinta.
“Não
há subterfúgios nem ideais subconscientes. Tudo é límpido como as
águas que correm na Fonte Divina da Quinta da Moita Longa”, afirma
António Botto Quintans, que dá conta da sua investigação
no blogue,
onde promete prosseguir este trabalho. Trabalho que é, segundo o
historiador Pedro Silva – autor do prefácio da obra –, imbuído
de um sentido de missão e movido pelo “apelo do conhecimento”.
Acrescentaríamos outro fator encorajador: a paixão de Quintans pelo
local onde cresceu, e que evoca num tom pessoal ao longo do livro,
incluindo memórias e até lendas familiares.
DA “BÍBLIA” AOS “LUSÍADAS”
Profusamente
ilustrado, o volume sustenta a informação com mapas, esquemas e
fotos. Prestando especial atenção à localização geográfica da
Quinta – hoje local de turismo rural – e à disposição das
casas que a compõem, insere-as numa geometria que se expande a todo
o continente europeu, enquadrada nas rotas dos templários e no
caminho de Santiago. E vai entretecendo estes indícios de um
significado místico, plasmado em triângulos, cruzes e pentagramas –
com factos da História de Portugal e da Europa.
Centrada
na Quinta da Moita Longa, a pesquisa de Quintans alarga-se a vilas e
aldeias das redondezas (Lourinhã, São Bartolomeu dos Galegos,
Atouguia da Baleia) e mais além, perscrutando igrejas, azulejos,
frescos e brasões. A heráldica desempenha, aliás, um papel
importante na decifração de simbolismos ocultos, tarefa em que o
autor não poupa esforços. Entre as fontes onde vai beber – além
daquela cujas águas correm no Toxofal de Cima – contam-se a
“Bíblia”, “Os Lusíadas” e “A Peregrinação”.
Redigido
num tom nada académico e acessível a leigos, “Quinto Império”
apoia-se numa vasta bibliografia e em horas de pesquisa em
bibliotecas e arquivos diversos. O autor garante que a empreitada
começou há duas décadas, orientada por uma citação de São
Bernardo de Claraval: “Encontrarás mais nos bosques do que nos
livros.” Ora, bosques é o que não falta em redor da Quinta da
Moita Longa, e Quintans não quer deixar uma pedra por inspecionar.
Pedro
Cordeiro
(25.10.2015)
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