Por vezes, o destino
coloca na nossa vida momentos que, inesperadamente, se convertem em grandes
surpresas e afectos improváveis.
Há vários anos, era eu
uma jovem jornalista recém-chegada à região Oeste, fui destacada para uma
reportagem sobre a Quinta da Moita Longa, na Lourinhã. Chegada ao local, foi
encantamento à primeira vista. A Quinta é verdadeira bonita mas, mais do que
isso, nela respira-se História. Não é preciso ter uma imaginação excessivamente
sensível para esperar que, a qualquer momento, surja um cavaleiro na mata que
rodeia a Quinta.
Mais o maior impacto da
minha presença naquele longínquo dia na Moita Longa não foi a beleza da casa
monumental e do espaço envolvente. O que ficou mais presente na minha memória
foi a paixão do seu proprietário pela Quinta e por toda uma herança que já
então ele pressentia ser maior do que um terreno e paredes antigas.
Eu admiro as pessoas que
põem amor em tudo quanto fazem. E foi isso que me cativou naquele primeiro
encontro com o António Botto Quintans, enquanto me mostrava as instalações e a
propriedade, como uma criança entusiasmada com uma estória de encantar.
O António Botto Quintans
tem este condão: com discrição e simplicidade, envolve-nos na sua própria
relação de amor com a Quinta da Moita Longa.
Eu, que acredito na
importância de conhecermos o passado para respeitarmos o presente e melhor
construir o futuro, tenho o maior respeito pela investigação histórica.
Por isso, foi com
naturalidade que, em conversa com o António, lhe disse que deveria avançar com
o estudo dos inúmeros elementos artísticos e arquitectónicos que indicavam que
a Moita Longa fazia (e faz) parte de algo especial na História de Portugal.
Após aquele encontro para
efeitos da tal reportagem, poucas vezes mais voltei a cruzar-me com o António.
A minha vida profissional
afastou-se da Lourinhã e do jornalismo, e os anos passaram. Até que, há poucos
meses, a surpresa aconteceu: através dessa coisa tão maravilhosa quanto
irritante que é o Facebook, o António contactou-me!
Com a afabilidade
desarmante que lhe admirei desde o primeiro momento, contou-me que tinha
conseguido concluir o livro sobre a Moita Longa. E, para minha ainda maior
surpresa, agradeceu-me o incentivo que lhe tinha dado e pediu-me para estar
aqui, hoje, convosco.
Apresentar um livro não é
desafio a que esteja habituada. Aceitei o convite pela grande estima que tenho
pelo António e, sobretudo, pelo enorme respeito que tenho pela sua paixão e
pelo seu espírito de perseverança.
Convido-vos vivamente a
ler “Quinto Império”. É uma tarefa muito agradável, acreditem. Não precisam de
conhecer a Quinta da Moita Longa para sentir interesse pela temática. Mas
garanto-vos que, depois da leitura, vão querer descobrir aquele espaço mágico.
Mais do que um livro,
“Quinto Império” é uma missão de vida de alguém que ama as suas raízes e o
local onde cresceu. Mas facilmente os leitores vão perceber que o António não
escreveu este livro só para ele, para satisfazer um qualquer capricho próprio.
Qualquer pessoa que ame a região Oeste vai apreciar a leitura e descobrir algo
mais sobre este território, historicamente tão rico.
Eu, por mim, agradeço
profundamente ao António Botto Quintans por esta obra, pela sua determinação.
Admiro a sua paixão. E sou grata pela sua amizade.
(Alocução de Ana
Pouseiro na apresentação do livro Quinto Império" no Centro Cultural da
Nazaré em 7 de Agosto)
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