Thursday 23 July 2015

MATA REAL DA MOITA LONGA OS AMORES DE PEDRO E INÊS

D. Pedro e D. Inês de Castro protagonizaram a mais linda história de amor da Europa medieval. O jovem príncipe cedo se apaixonou por uma linda donzela, Inês de Castro, e por cinco anos viveram um grande amor em terras da Lourinhã, na antiga mata real da Moita Longa [1].



Moita Longa

Aconteceu que D. Inês de Castro era filha de D. Pedro de Castro, nobre castelhano que naquele reino dispunha de grande poder senhorial. Terá vindo para Portugal em 1340, no séquito de D. Constança, futura esposa do infante. Sucedeu que passados alguns anos, quando chegou ao conhecimento de D. Constança o que se estava a passar, esta tudo fez para desfazer o enlace, incluindo o de pedir a D. Inês para ser madrinha de baptismo do seu filho, o infante D. Luís. Tomando contornos de escândalo, o rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro, expulsa D. Inês do reino, recolhendo esta ao castelo de Albuquerque, na fronteira de Espanha, onde no entanto continuava a receber notícias do amante. Ao dar à luz D. Fernando, futuro rei de Portugal, D. Constança morre prematuramente, deixando ainda mais aberto o caminho a esta violenta paixão. Desobedecendo a todas as ordens do pai, D. Pedro consegue trazer de volta a sua amada, refugiando-se com ela no castelo de Óbidos. Não era no entanto sua intenção aí permanecer muito tempo, uma vez que era previsível que mais dia, menos dia acabaria por chegar aos ouvidos do rei a sua localização; e muito menos colocou a hipótese de instalar D. Inês no castelo ou no paço da Atouguia, pois todos sabiam da grande afeição que o infante nutria por este local. Reza a tradição que D. Pedro residiu cinco anos no Paço da Atouguia, no local e povoação agora conhecido por Serra D’El-Rei, enquanto a sua amada foi residir ali próximo, num solar do Moledo[2] , que se escondia na antiga mata real da Moita Longa, para que seu pai D. Afonso IV não desconfiasse de nada. 

No Paço do Moledo nasceram-lhes os três primeiros filhos: D. Afonso (que morreu de tenra idade); D. João, nascido em 1349, e que foi candidato ao trono português; e D. Dinis, que nasceu em 1350, tendo sido aclamado rei em Santarém no ano de 1384, mas já tomava o partido de Castela[3]

Em 1352, D. Pedro e D. Inês de Castro abandonaram estas paragens indo para Santo André de Canidelo, perto de Vila Nova de Gaia e finalmente… Coimbra (Quinta das Lágrimas), onde foi assassinada.

Após a morte da sua amada, D. Pedro passou largas temporadas no paço do Moledo. Subindo ao trono em 1357, perseguiu os assassinos de D. Inês, mandando-lhes arrancar o coração, a um pelo peito e a outro pelas costas.

D. Pedro mandou construir dois túmulos esplendorosos no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo de Inês. Dizem as crónicas que depois de morta o rei D. Pedro mandou retirar o corpo do túmulo, obrigando a corte a beijar a mão de Inês, que depois de morta foi rainha.


Mosteiro de Alcobaça

Na Lourinhã, D. Pedro enamorou-se de Teresa Lourenço e fruto dessa união nasceu em Lisboa D. João, Mestre de Avis[4] , pai da Ínclita Geração.

[1]  Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Vol. I, pág. 276, Verbo, Lisboa
[2]  As ruínas do Paço do Moledo, seguindo o caminho medieval, situam-se a 2 km da Quinta da Moita Longa.
[3] J.T. Montalvão Machado, Os Amores de D. Pedro e D. Inês em terras da Lourinhã Gaia e Coimbra / Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Vol. I, pág. 276
[4]   António Cândido Franco,  Memórias de D. Inês, Publicações Europa América, Lisboa, 1991

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